domingo, 16 de outubro de 2016

Se minha vida terminasse agora


Ainda sim restaria história. Talvez muita gente lembraria com saudade, outros com tristeza, talvez alguém se alegraria, outros sofreriam com arrependimento pelas palavras não ditas. E acho que é bem aí que dói. Porque com certeza aguardei por muitas vezes que me dissessem frases que mudariam meu modo de enxergar a vida, que fariam com que me apaixonasse, que em seguida eu daria um beijo na boca ou teria ido embora antes de me machucar. Ah, palavras que se perderam, em certos momentos, não duvido que fizeram falta. Podiam tanto ter saltado mesmo assim para serem ouvidas por mim.

Se minha vida terminasse agora acho que muitos iriam dizer:
"...Essa gostava de viver, de sorrir, de sonhar, mas as vezes gostava do silêncio e ninguém podia imaginar o que se passava ali. No domingo gostava de ouvir música e evitava falar ao celular. Gostava do cheiro de mato misturado com o barulho da chuva, gostava de praia. Gostava de ser ela. Mas as vezes não. As vezes não gostava tanto assim, mas não queria ser outra."

Se minha vida terminasse agora, apesar de ser essa pessoa decidida, cabeça fria que parece ter sempre o controle das coisas, ainda sim levaria tanto sentimento comigo e coisas que eu mesma não disse. Levaria amor antigo que ficou pela metade, amizade bagunçada misturada com saudade, medos que tive por aqui, e ainda sim a vontade cada vez maior de ser livre, aqui ou aonde quer que eu vá.

Ah, o amanhã está logo ali.
E se eu não estiver mais aqui, tenta lembrar que, apesar de tudo, chorei, sorri.

Vivi.
E ainda sim
podia ter feito mais.

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