terça-feira, 2 de maio de 2017

Dá um tempo, menina


Todo dia está sendo um caso sério, uma dificuldade para escrever, para esquecer, para lembrar o que devia ser lembrado, dificuldade em me alimentar direito, de realizar exercício físico, mental, dificuldade pra responder a pergunta "você está bem?" de forma sincera "sim, e feliz". 

Todo dia que passa exijo mais de mim, e só agora venho percebendo a má administradora de minha própria vida que estou sendo. Uma chefe terrível, dona dos piores julgamentos, de duras críticas e de pena alguma do espírito que agora escreve.

A ficha caiu quando separei uma caixa para os remédios que comprei nas últimas três semanas, onde tinha para o estômago, para dor de cabeça, para gripe, para tosse, para garganta, vitamina C, vitamina D, pastilhas, e tal. A ficha caiu quando de manhãzinha a dona da farmácia me chamou pelo nome. E a ficha caiu, de novo, quando vi o extrato da conta e só tinha nome de drogaria.

Se você me perguntar o que houve, não vou saber te responder direito. Mas é que por dentro eu não estou bem, acho que ao invés de todos esses remédios, eu estava precisando de uma dose de colo, dois comprimidos de amor, duas doses de paciência, uma pastilha de abraço, um comprimido de entendimento, uma vitamina de fé e um floral pra ter sono bom.

Pra ser sincera, não tive dó nenhuma. Exigi demais da minha mente, do meu corpo, das minhas atitudes, dos meus pensamentos e até das respostas que eu poderia dar caso alguém fosse me perguntar algo. E a verdade é que não vou ser boa sempre, muito menos ao próximo se não estou sendo boa comigo mesma, e que por muito menos já era pra eu ter pirado ou me jogado do décimo quinto andar no intuito absurdo de me livrar dos pesos que eu mesma coloquei nos ombros.

Contei tudo a minha analista, que sem pestanejar já veio com uma pergunta "por que você se cobra e se culpa tanto?". Olhei pra ela, como quem diz: é o meu dever, minha obrigação, não me colocar 20 nem 30 por cento, e sim duzentos. Mas com medo do que ela pudesse falar em seguida, por ser sempre muito inteligente e intrigante, soltei um: "é, eu tenho disso". Reconheci.

Ela ainda me deu duas opções, continuar nesse movimento absurdo e abusivo comigo mesma, ou procurar um socorro, sabendo pedir ajuda a quem eu quisesse: a natureza, a Deus, a qualquer energia. Mas é preciso sorrir de volta pra vida e entender que nem sempre vou conseguir dar conta de tudo, e que quando, sem forças estiver, é melhor nem tentar, uma noite bem dormida vai me deixar mais realizada do que bater todo dia na ponta de uma faca que só me machuca.

Caso dê para começar a academia amanhã, TUDO BEM. Caso não dê, TUDO BEM TAMBÉM. Caso dê para comer salada no almoço, TUDO BEM. Mas se só tiver um sanduíche de ricota, TUDO BEM TAMBÉM. Caso dê para tomar dois litros de água pela manhã, TUDO BEM. Caso não dê, TUDO BEM TAMBÉM. Caso eu consiga estudar todo o conteúdo para o dia seguinte, TUDO BEM. Mas se não der para estudar nem metade, TUDO BEM TAMBÉM. Caso eu consiga ligar para minha mãe no final da noite para fazer o resumo do dia, TUDO BEM. Mas caso eu durma antes, TUDO BEM TAMBÉM.

Chega de exigir demais.
Tudo bem?

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