domingo, 16 de dezembro de 2012

Algo bom sempre acontece em meio aos desastres da vida

                   315385_323230607763991_499065746_n_large
               
Ah! Droga! Hoje acordei atrasada de novo, e amanhã é dia de reunião. Que aliás, é em outra cidade e devo viajar logo! Não ando tendo as melhores noites da minha vida, até porque estou cheia de problemas e em plena correria com meus negócios e serviços. Mas pulei da cama, tomei um banho frio (pra ver se amenizava a cara de morta) e fui para o aeroporto. Assim que cheguei, percebi que tinha perdido o vôo. "Que inferno!", reclamei. Mas acabei comprando outra passagem e me sentei para esperar o próximo avião. "Parece que não tenho sorte mesmo! Está tudo dando errado hoje, quando tinha que dar tudo, absolutamente, certo! Porque não quero chegar cansada em outra cidade. Tenho que encontrar hotel, companheiro de negócios, etc.". E enquanto aguardava (reclamando como sempre), um moço alto e moreno sentou ao meu lado. "Uau!" - pensei. "Talvez o dia não esteja tão ruim assim. Já que com tantas cadeiras vagas por aí, um homem bonito desse sentou-se ao meu lado!". "Opa! Foco!" É, sempre fui essa mulher que insiste em não aproveitar as coisas boas que passam, até porque costumo perder meu tempo reclamando das coisas que não dão certo. E lá estava eu, conferindo emails e atendendo telefonemas. Até que o belo rapaz virou-se pra mim e perguntou:
     - Olá! Qual é seu nome? Acho que já te vi em algum lugar.
E eu, com pouca paciência, respondi: - Marina. E bem, nunca te vi.
      - Ah, então deixe eu me apresentar. Sou Yago. Muito prazer, Marina.
    - Hmm. Prazer também. Mas se você não se importa... Estou... - respirando fundo, tentava não olhar para aqueles olhos claros. Mas, MEU DEUS! Não pude suportar. Me calei. Me perdi. Não lembrava do que havia dito.
      - Você está o quê? - ele perguntou dando uma risada tímida.
    - É, hm. Bem, é que. Olhe. Bom, eu acho que. Ã? Não, eu disse que estou melhor agora porque consegui comprar outra passagem. Acabei perdendo meu vôo anterior. - Espera aí. Que ataque foi esse?
    - Que sorte a sua de ter conseguido outra passagem. Porque semana passada eu não consegui outra, quando perdi meu vôo. Mas, vejo que você é uma mulher de negócios... já que usa esse terno preto. O que você faz, senhorita? - Ele perguntou me olhando profundamente por cima dos óculos.
    - Ah, eu sou coordenadora de uma rede de empresas automobilísticas. E você? - perguntei discretamente.
    - Sou médico, especializado em psiquiatria.
    - Ah, sim. É um bom trabalho. - respondi fixa àqueles olhos claros.
                  De repente ouço a chamada do meu vôo.
    - Bem, vou ter que ir. Foi um prazer. - comecei a me despedir sem querer ir embora.
    - Também já vou indo. Acho que já chamaram o meu vôo. Devo conferir. - disse ele preocupado.
    - Ok. Adeus. - não, eu não queria sair dali. 
    - Fique bem.

Depois daquela despedida, segui em direção ao meu avião e sentei-me em minha poltrona. Que infelizmente não era na janela. E sim no corredor. "Droga, de novo! Nunca gostei de viajar desse lado." Mas tive que aceitar. Até porque os lugares são marcados e eu não fazia ideia de quem sentaria ao meu lado. Se o dia já começou ruim, não podia fazer intrigas em pleno vôo. E enquanto eu arrumava minha bolsa, de cabeça baixa, a pessoa que viajaria ao meu lado, se sentou na poltrona.

    - Você? - perguntou Yago.
    - Quê? Você também vai para Fortaleza? - perguntei eufórica. Meu Deus, aquele homem que fez eu me esquecer dos problemas se sentou aqui... ao meu lado. Que perfume! Que olhos! Que sorriso! 
    - Bem... vou sim! Tenho clínica lá! Quanta coincidência, não?
    - Sim. É. Bem... Eu... Estou... Surpresa? É, acho que sim. - gaguejei sem pensar.

Conversamos tanto. Falamos sobre tudo. Tudo mesmo. Você, que está lendo isso agora, nem imagina! Rimos juntos. E o vôo demorou tanto! Até porque fizemos escala em outra cidade - não me pergunte qual, porque eu estava com uma companhia maravilhosa e não me preocupei com isso. E quando o avião estava quase pousando em Fortaleza, tivemos o seguinte diálogo:
    - Marina, você é muito linda. Desde quando te vi naquele aeroporto, fiquei encantado. Fiquei te olhando de longe enquanto você estava louca por uma nova passagem. Eu já sabia que você tinha encontrado um novo vôo quando me sentei ao seu lado. Tudo foi proposital. Eu também troquei a minha passagem. Até porque não tenho horário certo para chegar em Fortaleza. E não ia conseguir viajar sem, ao menos, falar contigo.
    - O quê? - eu disse assustada. - O que você está me dizendo vai além de tudo que já ouvi. É loucura. Não posso acreditar. Sinto muito. Não tenho facilidade em acreditar nas pessoas.
    - Eu te juro. Se quiser, podemos voltar lá e você pode perguntar a outra moça da companhia aérea. Comecei a comprar ao mesmo tempo que você. E, sinceramente, não tiro os olhos dos seus. - ele disse meio sem jeito.
    - E você acha que eu tiro os meus dos seus? Mas pela primeira vez, do fundo do meu coração, consigo acreditar no que um homem fala. E isso nunca me aconteceu.
    - Você acredita em destino, Marina? Porque nos encontramos na mesma hora e o lugar pra onde vamos é o mesmo.
    - Eu não acreditava até você chegar e me provar o contrário. - trêmula, eu estava trêmula.
                O avião pousou e todos começaram a descer e pegar suas bagagens.
    - E agora? - perguntei curiosa.
    - E agora eu te beijo e não perco mais nenhum segundo.

E fomos eu, ele e as estrelas acima de nós. E bastou para minha vida ser melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário