sábado, 29 de abril de 2017

Guardei


Desculpa estar enviando esse email assim tão tarde, na virada de sexta para sábado, no momento que você esperou que eu estivesse em uma balada louca de São Paulo ou de Porto Alegre. Mas é que doido mesmo está sendo pensar em tudo que passamos e por simplesmente não estar conseguindo continuar assim tão fácil como você.

Só queria saber se é pra eu pegar todas as canções que você escreveu, todos os bilhetes que deixou junto as flores, todos os presentes e simplesmente jogar tudo fora? Só queria saber se é pra eu fingir que não tem mais fotos nossas pela casa, nem no computador, nem no meu celular, nem no tablet, nem na gaveta, nem dentro do carro, nem dentro do caderno? Dá pra ignorar, apenas?

Queria te perguntar se é pra jogar seu travesseiro fora, se é pra doar todos os pelúcias, e queria saber o que é pra dizer para o Mash que não para de me olhar te esperando voltar com um pacote de ração? Não dá mais para encará-lo sem uma resposta decente e muito menos sem a que eu sei que ele quer receber.

Essa noite estou mais do que intrigada, estou com o coração na mão por ter visto seu novo perfil na internet com a foto de uma mulher que não sou eu, como quem assume, assim, sem a menor ideia do de como vai afetar do outro lado. E esse lado que quero dizer, é de quem escreve.

O problema todo é que agora me culpo, sem dó. Jogo todo esse presente contra mim por não ter cuidado do passado. Julgo um futuro sem você, com raiva de quem sou e tudo que podia ter feito e não fiz.

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