terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A pior parte de um relacionamento é quando ele acaba


Quando existe a separação e você continua ouvindo a música preferida dos dois, o filme predileto, indo aos mesmos lugares, sentindo o cheiro no cobertor, vendo a toalha estendida atrás da porta, a escova de dente ainda na pia, e tudo isso que antes dava paz, passa a doer.

Quando um relacionamento acaba e você ainda tem que buscar coragem e força, lá no fundo, para conseguir responder a pergunta: "E cadê ele?". Quando você tem que ir sozinha aos aniversários, churrascos, nascimentos e enterros, dói, dói não ter alguém para te dar a mão, até porque por dentro você já perdeu o costume.

Recomeçar é difícil, parece, muitas vezes, impossível. A gente passa a ter preguiça de olhar nos olhos de alguém para procurar verdade, a gente tem preguiça de se arrumar, usar aquele batom vermelho, o salto dos tempos de solteira, a gente cansa só de pensar em ter que repetir aquela fase. 

A cama nos faz companhia nos momentos em que estamos em casa, e ainda ouve muito choro e fica molhada de tanta lágrima. A dor ecoa pelos cômodos e até o animal de estimação nos olha com pena. Passa a chover, o dia fica cinza e a gente sente uma solidão danada. Parece que tudo vira um complô.

Lá no fundo tem uma voz dizendo pra termos força, sacudirmos a poeira, mas ao mesmo tempo temos que respeitar esse luto de ver alguém partindo. Não dá para insistir numa história que não existe mais reciprocidade. Mas ainda assim dói, dói muito.

Parecem sessões inacabáveis de sofrimento quando a gente liga a música do casal, faz um brigadeiro e se joga no sofá, com pena. Os pássaros passam a voar para bem longe da janela pra tentar buscar felicidade em outro canto, porque aqui, aqui fica tudo sem graça, vazio.

Um dia passa, o recomeço tão necessário acontece, na hora certa. Mas é importante passar pelo momento da ressaca de um amor finalizado. Aliás, o amor continua dentro da gente, pra sempre, porque foi sincero em tantos momentos, mas é preciso continuar, continuar com ele no cantinho e acreditar que boas memórias surgirão, novas pessoas e histórias. Nada é por acaso, muito menos a perda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário